Por que o 5G pode se tornar uma ameaça para os Provedores de Internet?

Publicado em: 28 de outubro de 2022

Atualmente, estamos observando nos principais veículos de comunicações do Brasil, a divulgação de que as operadoras de telefonia estão iniciando a operação com a tecnologia 5G. Entretanto, para maioria da população, ainda há dúvidas importantes referentes à essa tecnologia e como ela pode afetar os serviços dos provedores de internet no Brasil e no mundo.

Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), já existe um montante de 15 capitais que contam com o sinal de operação 5G, são elas: Florianópolis, Palmas, Rio de Janeiro, Vitória, Brasília, Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia, Porto Alegre, João Pessoa, Fortaleza, Natal e Recife.

Nesse artigo, a Smart Telecom vai abordar os principais conceitos da tecnologia emergente e comparar os motivos que a tecnologia 5G pode se tornar uma ameaça aos pequenos provedores de internet do Brasil.

Introdução

Segundo dados da International Mobile Telecomunications 2020 (IMT-2020), até 2025, haverá 100 bilhões de conexões de telefonia móvel no mundo, sendo 10 bilhões relacionadas à conexão da população e os outros 90 bilhões serão relacionadas à Internet das Coisas (IoT).

Essas previsões foram essenciais para o desenvolvimento do padrão e das características da tecnologia 5G. Haja vista que, o objetivo da tecnologia 5G é conseguir conectar tanto as pessoas, através de realidade virtual e realidade aumentada, como também as coisas, através da indústria 4.0, dos carros automáticos, das cidades inteligentes, dos medidores de energia elétrica, da iluminação pública, das televisões, das coletas de lixo, entre outras funções que poderão ser automatizadas através da internet.

Evolução da Telefonia
Móvel

Desde 1980, a telefonia móvel vem desenvolvendo formas de comunicar as pessoas. Para isso, foram criadas tecnologias capazes de fazer ligações utilizando a tecnologia AMPS (1G) e GSM (2G). Entretanto, essas tecnologias, ainda não eram capazes de conectar os usuários com qualidade à internet. Após isso, nos anos 2000 foi desenvolvida a tecnologia 3G, que conseguia conectar os usuários à internet e fornecer uma velocidade de conexão de 14,4Mbps compartilhada e, em seguida, a tecnologia 4G, também chamada de Long Term Evolution (LTE) que conseguia fornecer uma conexão de 100Mbps compartilhada aos usuários.

A tecnologia 5G, também denominada IMT-2020, nasceu desafiando todas as expectativas, uma vez que os critérios definidos na regulamentação eram bem superiores à tecnologia 4G.

Atualmente é notória uma corrida entre as grandes empresas, é até nações, em alcançar e dominar essa tecnologia, uma vez que, a primeira empresa a conseguir este feito poderá dominar o mercado de 5G no mundo. No Brasil, há uma forte disputa entre as empresas Huawei (China) e Cisco (Estados Unidos) sobre quais serão os fabricantes responsáveis por implementar essa tecnologia no nosso território.

Segundo professor Songlin, a tecnologia 5G irá representar uma nova missão histórica, capacitando todas as esferas da vida, desde atender às pessoas até transmissões ao vivo de vídeos de definição ultra-alta com taxas de uplink acima de 20 Mbps. Mas, ao se fundir com novas tecnologias, como inteligência artificial, big data e blockchain, o 5G irá tornar a internet industrial a rede mais valiosa do mundo.

4G x 5G?

A tecnologia 4G, representa qualquer tecnologia que ofereça picos de velocidade de até 100Mbps compartilhado para unidades de telecomunicações móveis de alta mobilidade (carros e trens) ou 1Gbps compartilhado para unidades de telecomunicações móveis de baixa mobilidade (pedestres). Além disso, a tecnologia de 4G oferece uma latência da ordem de 30 ms à 50 ms e possui capacidade para atender 10.000 dispositivos por km².

A padronização e os requisitos da tecnologia 5G consiste em um grande desafio para a engenharia de telecomunicações, uma vez que precisa dar suporte à mobilidade, segurança, latência, confiabilidade e largura de banda. Além disso, precisa ser capaz de dar suporte à todas as tecnologias emergentes, tais como: Internet das Coisas (Internet of Things – IoT), inteligência artificial (IA), Computação em Nuvem, Big Data, entre outras tecnologias.

Para isso, a tecnologia de 5G é sub-dividida em 3 áreas:

  1. Enhaced Mobile Broadband (eMBB), ou Aumento da Largura de Banda Móvel: Inclui serviços e aplicações que necessitam de altas taxas de transmissão, tais como: Realidade Aumentada, Realidade Virtual e Transmissões de vídeos em alta definição (HD), oferecendo uma taxa de transmissão 10x superior a tecnologia 4G.
  2. Massive Machine-Type Communication (mMTC), ou Comunicação Massiva entre Máquinas: Criada para suportar aplicações de baixa potência, mas possui uma alta densidade de conexões, tais como: medidores de energia elétrica, iluminação públicas, rastreadores de veículos, cidades inteligentes, entre outras funções. Os requisitos do 5G prevê uma rede capaz de suportar até 1.000.000 dispositivos conectados por km².  
  3. Ultra Reliable and Low Latency Communication (URLLC), ou Comunicação Ultra Confiável e Baixa Latência: Serviço destinado à aplicações que precisam de resposta rápida, seguras e de alta confiabilidade, tais como direção de carros automáticos, telemedicina e cirurgias remotas.

Observa-se que a tecnologia 5G vai solucionar diversos problemas que ocorrem das redes de tecnologia 4G, oferecendo serviços específicos para a demanda do usuário. Dessa forma, as operadoras poderão vender pacotes específicos para cada aplicação do cliente. Caso o cliente precise de uma conexão com alta largura de banda, poderá vender pacotes utilizando o serviço eMBB. Por outro lado, caso o usuário precise de uma pacote para rastrear seu veículo, ou conectar medidores elétricos, poderá vender um pacote utilizando o serviço mMTC. Atualmente, muitas operadoras de telefonia com tecnologia 4G bloqueiam chips que são detectados utilizando para uso em rastreadores veiculares.

De forma concisa, a tecnologia 5G poderá proporcionar uma largura de banda compartilhada de até 10 Gbps, uma latência inferior a 1 ms e uma capacidade de conexão de 1 milhão de dispositivos por km².

Por que o 5G pode se tornar uma ameaça aos provedores de Internet no Brasil?

Considerando a tecnologia e o serviço eMBB (enhaced Mobile Broandband), as operadoras com tecnologia 5G serão capazes de compartilhar uma taxa de transmissão de 10 Gbps ao seus usuários, ou seja, uma elevada taxa de transmissão para os seus clientes. Observa-se que, quantos mais antenas as operadoras colocarem na região, maior será a largura de banda disponível oferecida aos usuários. Dessa forma, muitos especialistas acreditam que as operadoras serão capazes de fornecer pacotes de internet residencial utilizando a infraestrutura de rádio do 5G, ou seja, o próprio usuário poderia comprar um roteador com suporte a um chip 5G e conectar em sua casa sem a necessidade de instalação, sem uso de fibras ópticas ou cabos, facilitando todo o manuseio e instalação da internet.

Além disso, há informações que dizem que o usuário poderá, ao chegar em casa, compartilhar seu pacote de internet 5G do celular no roteador wi-fi da residência, diminuindo a necessidade da compra de planos de internet separados para o celular e para a casa.

Todavia, nem tudo são flores para as operadoras de telefonia móvel, haja vista que até hoje a implementação do 4G no Brasil ainda não está completamente concluída. Hoje, 10 anos após a criação do 4G, ainda existem cidades no Brasil que não receberam antenas com tal tecnologia e praticamente sobrevivem com o trabalho dos pequenos provedores de internet. Essa informação demonstra que a implementação de novas tecnologias de telefonia no Brasil não é uma tarefa fácil de ser realizada e poderá ser um grande obstáculo para a implementação do 5G no Brasil.

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Robert Marques

CEO - Smart Telecom - Projetos e Consultoria

- Bel. Engenheiro de Telecomunicações
- MBA em Gerenciamento de Projetos
- MBA em Engenharia de Segurança do Trabalho